Assim que a trouxe para casa, pensei que a adaptação seria difícil. Não foi. Imaginava que poderia ser desafiador lidar com ela que ficou 5 anos presa na zoonose até eu a adotá-la.
A Luz surpreendeu-me positivamente por sua calma, manha – adora um afago – e sua resiliência.

De manhã, quando levanta do sofá que adotou como sua cama, vai ver no meu quarto se já acordei. Eu não me mexo, finjo que estou dormindo. Ela anda pela lateral da minha cama, dá uma espiada mais de perto e volta para o sofá dela. A Luz não me acorda! Já fiz o teste: ela já foi quatro vezes ver se eu estava acordada e voltou para esperar, pacientemente, eu levantar.
Segundo minha amiga Fátima, “cachorro gosta de rotina”, diariamente pela manhã após o café da manhã saímos para caminhar e no fim da tarde e a noite também.
A Luz adora andar por uma rua sem saída perto do prédio. Cheira tudo, se mete no meio da grama e dos jardins, dá uns saltinhos engraçados.
Quando a peguei e fomos fazer exames, o veterinário do eletrocardiograma disse: “Mãe, segura assim”. Fiquei chocada com a frase. Sempre pensei “gente é gente, cachorro é cachorro”. Hoje, pego-me chamando-a de filha, dando conselhos para não se envolver em provocação de cachorros do prédio e do bairro. Dou muita risada de mim mesma por isso!
Descobri que há bastantes locais “pet friendly”. Já fomos em restaurante, pousada e sorveteria “pet friendly”. Viajei recentemente a trabalho e a levei para um hotel “pet friendly”. Uma amiga ficou cuidando dela enquanto eu fazia reunião com o cliente.

Se soubesse que era tão bom adotar uma cadela, teria feito antes. Recomendo, pois uma faz companhia para a outra, principalmente porque estou praticando isolamento social por conta da pandemia.
Sinto o olhar dela com afeto por mim. Se não nasceu de mim, com certeza nasceu para mim!

História de Karla Cheli Kanasawa