Em março de 2019 recebi o diagnóstico de um câncer de mama. O diagnóstico fez-me pensar que minha vida seria mais curta do que eu esperava, que estaria chegando ao fim, depois veio o medo da quimioterapia e de seus efeitos colaterais. Logo imaginei todo o lado negativo que conhecia sobre o tratamento… Que teria náuseas, baixa imunidade e que perderia os cabelos. Neste momento foi difícil pensar primeiro na cura, mas, as palavras da médica “Procure pensar que será apenas uma fase, que você vai fazer o tratamento e vai ficar bem” trouxeram uma certa tranquilidade, foi aquele momento de entender que o melhor a fazer seria aceitar a nova situação e acreditar que daria tudo certo.
Voltei para casa como se minhas emoções estivessem anestesiadas e acredito que minha mente teve um poder incrível de negar e bloquear os pensamentos negativos sobre a doença. Sabia que eu teria que ser forte, porque afinal dependeria de mim grande parte da cura. Foi muito difícil falar para minha família. Cheguei a pensar se teria como não falar ou pelo menos adiar. Mas, não tinha outra saída, falei com toda convicção de que estava bem e que passaria pelo tratamento com tranquilidade. Eles ficaram preocupados e inseguros, como eu já imaginava que ficariam, mas tentaram me animar dizendo que daria tudo certo. Senti que teria que ser realmente forte, pois eu precisaria deles bem para me apoiarem.

Passados alguns dias falei para algumas amigas, e, a participação delas no meu tratamento foi fundamental. Minha família era meu apoio nos cuidados diários e minhas amigas me apoiavam com as conversas e planos de viagens para depois do meu tratamento, muitas vezes essas conversas acabavam em boas risadas. Algumas delas vieram me visitar o que trouxe alegria e muitas recordações boas.
Três pilares foram fundamentais para que eu enfrentasse bem todo o tratamento: família, amigas e a espiritualidade. A espiritualidade foi o que me levou à aceitação da doença e do tratamento, trouxe-me serenidade para enfrentar cada momento difícil, principalmente os mais solitários, em que me vi frente a frente com Deus. Aceitar que a vida é feita de momentos bons e também de momentos ruins aliviou o sofrimento. Senti que, embora debilitada pelo tratamento, era possível manter um estado mental positivo, sentir-me forte e acreditar na cura.

Cada etapa do tratamento foi uma vitória, e continua sendo porque ainda uso medicamento oral e devo continuar até completar dez anos. Faço acompanhamento a cada seis meses e sinto-me totalmente curada. O maior aprendizado que ficou para mim é que não temos o controle de nada. Passei, então, a viver melhor cada momento e a agradecer mais pelo que tenho e pelo que sou.
História de Mariza Silva