O governo de São Paulo anunciou a retomada das aulas presenciais na rede estadual em breve. Escolas particulares continuarão autorizadas a retomar suas atividades presenciais na primeira semana de fevereiro.
Mas, a volta às aulas presenciais se dará em um momento de agravamento da pandemia: falta de empatia com os profissionais da educação, que muitos têm comorbidades ou são do grupo de risco por idade.
Defende a vida, mas só fala em segurança para as crianças e seus familiares. É como se os professores e outros profissionais que trabalham diretamente com as crianças fossem todos imunes ao vírus. A esses profissionais não tem sido dada a devida atenção desde o início da pandemia, somos necessários, mas nos sentimos invisíveis.
Em grupos de WhatsApp há muito murmúrio de várias mães… “meu filho não quer mais sair de casa, só quer ficar no videogame”, “meu filho não quer nem ir buscar o cachorro na casa da tia”, “a depressão é pior que covid e a psicóloga dele concorda”, “aqui em casa já decidimos que aula online não vamos acompanhar mais, vamos contratar uma professora para ensinar o conteúdo”. E assim o murmúrio tem acontecido.
Ora, escola não é só o lugar para deixar os filhos para poder trabalhar, não é clínica, professores não são psicólogos!

Professores também estão sofrendo com a pandemia, com o trabalho remoto que tivemos que aprender da noite para o dia e com nossos próprios recursos e aparelhos eletrônicos. Nós também temos família e sentimentos. Estamos também assustados e com medo de toda essa situação.
Todos sabemos que a educação é essencial, porém precisou quase um ano de pandemia para governo e sociedade ou pelo menos uma parcela dela, recordar-se o quanto é importante. Mas os professores e demais profissionais continuam invisíveis. Não há educação e formação, nem boa e nem ruim sem o trabalho do professor. Gosto sempre de lembrar de outros profissionais da educação que são menos visíveis ainda, como a merendeira, o pessoal da limpeza e assim poderia seguir fazendo uma lista… Então, para essa classe, tão desvalorizada nesse paradoxo social venho pedir, para nos enxergarem com mais empatia.
Reflexão de Mariza Silva, professora