Sou diabética tipo 1 e devido aos cuidados pela doença crônica tenho como rotina uma agenda rígida de exames médicos para o devido acompanhamento incluindo os exames ginecológicos.
Era novembro de 2005 resolvi antecipar meu check-up para tirar férias em janeiro e passar o final de ano tranquila e claro intuição é tudo. Antecipei em torno de 3 meses meu checkup com o ginecologista como de costume. E nesta rotina infelizmente os exames apontaram manchas no útero e na cavidade vaginal e foi necessário realizar biopsia para avaliar o tecido. Os resultados saíram no início de dezembro/2006 com um diagnóstico de neoplasia intraepitelial de alto grau. Li o resultado, mas não absorvi o que isso significava naquele momento, mas implicou em reação de espanto da minha melhor amiga que me acompanhava e da família.
Receber o resultado e estar firme diante da situação tenha acontecido por já ter vivido vários problemas de saúde comigo e com minha filha. Ser diabética tipo 1 me fez descobrir várias fragilidades ao longo da vida que eu desconhecia e enfrentei cada problema de saúde com determinação para não esmorecer. Eram problemas de saúde constantes, não passando um ano que não tenha enfrentado algo grave.
Até me assustei com a forma com que lidei com o diagnóstico, mas encaro um grande problema como mais uma guerra a vencer e busco força para ir a essa guerra desconhecida e amedrontadora: vemos como a vida é frágil!
Ao dar sequência com o médico o mesmo me informou que eu deveria passar por um procedimento de retirada do colón do útero e parte da cavidade vaginal e uma posterior reconstrução vaginal. Ele foi taxativo e me disse que essa neoplasia foi ocasionada por HPV e por eu ser diabética a imunidade não estava equilibrada e provavelmente espalharia pelos tecidos ginecológicos. Na consulta com o médico ele também ficou assustado com o meu comportamento diante da gravidade do diagnóstico e espantado com o fato de que um ano antes o exame não havia acusado nenhuma anormalidade.
Para ele, a indicação era de cirurgia com retirada do útero e da cavidade vaginal com necessidade de reconstrução inclusive genital. Recusei de imediato e muito exaltada com a recomendação de cirurgia, questionei se não havia alguma alternativa antes de ir para esse procedimento tão complexo. O médico disse que não, explicou que a neoplasia poderia se espalhar com rapidez pelo HPV.

Apesar da recusa imediata pela cirurgia não tive medo, não deixei de dormir, nem chorei, era algo que teria que resolver, queria alternativa à cirurgia. Pedi ao médico uma esperança, algum tratamento sem ser cirurgia. Ele comentou que eu era diabética com baixa imunidade e não teria resposta eficiente a qualquer tratamento.
De tanto eu insistir, o médico disse que havia uma alternativa, mas me alertou que provavelmente não faria efeito. Era um tratamento experimental: uma droga que não estava disponível no Brasil naquele momento e era receitada para tratamento de câncer de pele. A droga ainda estava em fase de estudos para diagnóstico de neoplasia.
Mas decidi tentar esta alternativa antes de ir para a cirurgia. Precisaria importar a medicação dos EUA, mas por conta do alto valor de minha família me auxiliou com recursos financeiros para podermos comprar o mais rápido possível. E finalmente em dezembro a medicação chegou e dei início ao tratamento que era aplicado 3x por semana no consultório do médico durante três meses.
Combinamos que, caso o tratamento não surtisse efeito, a cirurgia seria no dia 1º de abril, um dia antes do meu aniversário. Meus pais sofreram muito com o momento que eu passava, mas minha mãe, católica fervorosa, nesses três meses de tratamento rezava diariamente comigo, sempre no meu retorno do trabalho, que apesar do cansaço, perseverava nas orações com ela.
O namorado sumiu, tive reações adversas, ninguém além da família e do chefe sabia o que eu estava passando. Não chorava, estava focada na solução do problema. Li o livro “Você pode curar sua vida” da autora Louise Hay e pratiquei muito o pensamento positivo durante o tratamento acreditando muito que tudo daria certo.
No dia 20 de março de 2006 saiu o resultado da nova biopsia. Dessa vez, não abri o laudo, deixei por conta do médico a leitura.
O resultado dos exames: NEGATIVO. Para o médico descrente, era nula a chance de um resultado negativo. Para mim pilares como: força pessoal, família, amigos, força espiritual e perseverança no tratamento contribuíram para o sucesso. Já são 15 anos curada!
História de Tania Zanatta
Admiro você pela força e coragem. Sei que teve muitas batalhas difíceis e venceu todas.
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