Câncer no Rim aos 42 anos

Por 3 meses, recebia e-mail da empresa me lembrando de fazer o check-up de saúde. As tarefas diárias com clientes, as entregas a fazer, o trabalho até tarde da noite, eram desculpas para postergar o agendamento.

Como não iria viajar (e trabalhar) no feriado, resolvi agendar o check-up para a segunda-feira de Carnaval. Era março de 2019.

Exames de sangue, ultrassom total do abdômen, consulta com ginecologista, teste ergométrico, conversa com psicóloga, orientações com nutricionista… ao menos meio dia ‘bloqueado’ para minha avaliação física e mental.

Ao final de tudo, a conversa com o clínico geral. Ele me perguntou se eu ou alguém da minha família tinha algum problema no rim e eu respondi que não. O médico agendou no mesmo dia uma ressonância magnética e me reforçou a importância de passar em consulta com urologista. Pensei: “depois dos 40 anos, um probleminha aqui, outro ali sempre aparece”.

Fiz a ressonância e na consulta com o urologista foi dado o diagnóstico:  “você tem um nódulo no rim direito, a probabilidade de ser maligno é de 70%. A recomendação é retirada e biópsia.”

O que eu mais queria era me livrar da dúvida e resolver o assunto logo. O meu coração me falava “que daria tudo certo”.

meu leito no AC Camargo

Passei por cirurgia robótica no AC Camargo. Internei-me no domingo à noite e a cirurgia estava marcada para às 9h de segunda-feira. Estava convicta que daria tudo certo. Às 7h da manhã fui informada pela equipe de enfermagem que a cirurgia ocorreria somente às 13h. Eu estava desde a noite anterior em jejum absoluto e por volta das 12h, pediram-me para guardar meus pertences no cofre e vestir somente o avental.

Deite-me em uma maca, fui coberta e conversando tranquilamente, fui conduzida por um enfermeiro muito simpático até a sala pré-operatória, onde havia vários pacientes, todos homens. O meu médico apareceu sorridente, trocamos algumas palavras e ele foi se preparar.

Levaram-me para a sala 9. A equipe foi muito atenciosa nos procedimentos pré-operatórios.  Eu vi o Da Vinci, o robô imponente de última geração, pensei: “uauuuuuu”. O anestesista, o Alex, era um doce de pessoa. Conversamos, ele aplicou a anestesia e eu apaguei. 

Ao acordar na sala de recuperação, perguntei pela hora e me foi dito que era “quatro horas da tarde”. Fui levada para o quarto e minha mãe me recebeu com um sorriso no rosto. Pensei: “estou segura, agora é focar em me recuperar”.

No dia seguinte, sentar para poder tomar banho e levantar para andar não foi fácil. Tive dores fortes e o dreno me incomodava muito. Nada melhor do que um dia de cada vez… Ou a gente está acostumando com a dor ou ela está diminuindo de fato…

Como era época de Páscoa, minha mãe que é muito simpática e ativa, fez amizade com as voluntárias do hospital e recebi a extrema unção. Pensei: ‘quanto mais bençãos e orações, mais rápida será minha recuperação’.

Jessica doou sangue pela primeira vez na vida para os pacientes do AC Camargo, me visitou e me fez sorrir com sua positividade

Tive alta na quarta a tarde e no domingo de Páscoa, minha mãe pediu para o pessoal da igreja que ela frequenta levar uma benção e a comunhão. Comunguei 3 vezes naquela semana!

O pós-operatório contou com 14 injeções diárias na barriga para evitar trombose. As injeções e as medicações foram dadas pela minha mãe.

A biópsia ficou pronta depois de algumas semanas. Na consulta, o urologista confirmou o diagnóstico de câncer e que havia 97% de probabilidade de cura somente com a cirurgia. Felizmente, não foi necessário qualquer procedimento cirúrgico no interior do rim, pois o nódulo, que media 2 x 3 cm era superficial.

O tratamento com quimioterapia ou a radioterapia não surtem efeito para câncer no rim. Preciso fazer os exames de acompanhamento por 5 anos.

Cada ida ao AC Camargo, um aprendizado, o mais marcante: para o câncer não há idade, sexo, status social, profissão, religião… vi pessoas mais novas, mais velhas, com ou sem cabelos, gordas, magras, amarelas, pretas, ruivas… a única coisa em comum: todas estão tratando algum câncer.

Fiz exame genético bem completo buscando o “por quê?”. A conclusão é que não tive o câncer de origem genética – um alívio, visto que tenho 5 irmãs, inclusive uma irmã gêmea univitelina, e muitos parentes.

Aceitei participar de três pesquisas do AC Camargo para colaborar com informações sobre câncer no rim. Meu urologista disse que tem poucas pacientes como eu: mulher, fora do grupo de risco, jovem, saudável e com câncer de rim.

O que mais me chamou positivamente a atenção em tudo isso foi a assistência com amor e brilho nos olhos dos voluntários do AC Camargo… muitos deles ex-pacientes de câncer.

Falo abertamente sobre o câncer e ressalto a importância de se fazer check-up de rotina. Um simples ultrassom total de abdômen detectou o nódulo e conseguimos agir rapidamente para não atingir o interior do rim e se espalhar pelo corpo.  Destaco ainda, que o último check -up havia acontecido há apenas 18 meses. Portanto, não protele a atenção necessária para si mesmo, #FicaADica

Todos esses aprendizados e reflexões carregarei pela vida!

História de Karla Cheli Kanasawa

13 thoughts on “Câncer no Rim aos 42 anos

  1. Parabéns Karlinha por essa mulher guerreira e de brilho especial.
    Linda essa parte da sua vida de batalha e conquista, que Deus te abençoe cada dia mais e obrigada por nós deixar ler essa sua superação.

    Um grande beijo com Carinho

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  2. Parabens Karla pelo seu depoimento para exemplo sua fée positivismo fico feliz por fazer parte ser amiga de uma pessoa maravilhosa que para todos.

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    1. Muito obrigada Angela pela amizade de quase 30 anos! Você é também uma grande guerreira que superou um câncer e continua vitoriosa frente a adversidades da vida! Eu me inspiro muito em você!! Beijãooooo

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  3. Karla que linda história a ser contada com tanto a nos ensinar e agradecer… fico muito feliz com a graça que recebeu !!! Que Deus abençoe muito cada vez mais !!! Conte comigo para o que precisar !!! Beijos saudades !!!

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  4. Karla, parabéns pela sua positividade, auto-determinacao, vontade de vencer. Fiquei emocionada a cada palavra, como se estivesse no seu lugar. Que bom poder contar com a ajuda de sua mãe, certamente o amor materno nos ajuda a vencer os problemas mais rapidamente. Parabéns e avante!

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